sábado, 19 de setembro de 2020

CAP.3: A IGREJA E O SEMINÁRIO




Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
 (2 Timoteo 2:15)



Naquele abençoado dia quando eu fugi do bar e amassei o cigarro para poder derramar minha alma perante o Senhor,  chorei muito, fui tomado de arrependimento e temor que nunca havia sentido antes e nem depois. 

Enquanto se escutava o barulho dos foguetes estourando  nas casas da vizinhança para saudar o Ano Novo, eu estava sendo  virado do avesso na presença de Deus, eu prometia para  mim mesmo que nunca mais seria a mesma pessoa, nunca mais  faria as mesmas coisas. Eu estava passando por uma transformação que só o Senhor pode fazer. Era uma espécie de parto espiritual, que iria permitir o meu novo nascimento. 

Depois de ter me convertido de forma solitária dentro de  meu quarto, e pedir perdão à Deus por todos meus erros, pecados e falhas, eu levantei dali procurando  decidido a errar menos, evitar o pecado, pois eu estava arrependido, eu queria mudar de vida e até me sentia mais leve, com uma paz de espirito que é impossível descrever. A paz que o mundo não pode dar, a paz que não depende das circunstancias externas. 

Depois aprendi que um homem perfeito, não é aquele que não peca nunca,  pois este homem anos existe neste planeta,  mas, o homem perfeito é aquele que  sente-se perfeitamente  perdoado, totalmente alcançado pela Graça do Senhor. 

Neste novo estado e decisão de vida eu senti que deveria procurar uma igreja para poder congregar e ser assistido com a orientação necessária para prosseguir na minha caminhada cristã servindo ao Senhor, conforme o meu propósito. 

Eu já conhecia a igreja, eu sempre observava o comportamento de alguns cristãos que me decepcionavam com suas atitudes, vivendo um cristianismo de fachada, até obreiros que deixavam muito a desejar como discípulos de Cristo, queriam apenas as benesses do evangelho,  sem ter um compromisso mais profundo com o serviço que a fé cristã precisa executar no mundo. Cristãos dispostos a serem servidos, mas, que recusam servir nas tarefas e responsabilidades que a igreja precisa executar no mundo, e  eu estava disposta a ser diferente, fazer diferente.

Aquele ambiente na empresa de transporte onde trabalhava,  junto aos antigos e companheiros de farra e de bebida não ia me ajudar na mudança que eu precisava ter, eu estava cansado de sofrer vivendo dissolutamente e longe de Deus eu queria provar um novo ambiente, uma nova oportunidade de vida.

A Bíblia nos ensina que "se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram; es que tudo se fez novo' (2 Coríntios 5:17) 

Foi quando resolvi trabalhar mais duro e  juntar algum dinheiro, para poder sair dali. Somente em deixar de beber e de fumar, e de jogar,  já ajuda nisso.

Ej decidi e voltar para viver em Soure, onde já conhecia minha antiga igreja do tempo da infância, sabia que era uma boa igreja, onde havia pastores sérios, meu primeiro pastor na infância foi o Pr. Itamar Cursivo do Nascimento, um ex-militar, um homem rígido e de uma administração seria e mensagem firme, a igreja cresceu muito no tempo dele, emperrava disso. Agora eu precisava disso para mim,  uma mensagem que prega santidade, firmeza na fe. 

Em Soure eu  poderia iniciar  um pequeno comércio e tocar minha nova vida,  crescer na graça e no conhecimento do Senhor. 

Chegando em Soure, observei  no mercado municipal da cidade, e  pensei que  poderia alugar um pequeno espaço,  colocar uma lanchonete para vender sanduíches, sucos e refrigerantes para os feirantes e fregueses do local,  e assim fiz,  aluguei um espaço ali e  com ajuda de meu irmão, que já era um comerciante instalado na cidade com uma loja de confecções,  inaugurei a Pop Lanches,  o meu primeiro negócio próprio, onde podia vender alimentos aos outros e também  me alimentar. Eu caprichava no novo negócio e a coisa andava bem. 

Com a minha fé a coisa também andava, porque depois de já estar convertido ir na igreja e levantar  a mão na hora do apelo foi para mim um ato muito simples, eu ja estava decidido.

Porém,  foi importante porque tornou-se oficial a minha decisão para quem me conhecia anteriormente frequentado os bares da cidade, e tanto os crentes quanto os incrédulos que me conheciam precisavam saber de minha mudança. 

No dia que fiz publicamente  o compromisso com a igreja, num ato que chamamos de reconciliação, percebi a alegria dos irmãos, do pastor, que já havia-me aconselhado, à sair da vida torta, e recebi os cumprimentos de todos  que me conheciam. Ela era um  Filho Pródigo, havia que voltado à Casa do Pai, e felizmente, no meu caso, não encontrei nenhum irmão ciumento, igual no relato bíblico.  

Eu estava alegre porque  minha vida seria diferente, e eu queria fazer isso em grande estilo, todos precisavam conhecer-me como um servo de Deus.

Por isso no dia seguinte eu peguei uma Bíblia e procurei a casa onde um meu amigo meu morava, ele era solteiro, e aos finais de semana, reunia os amigos de boemia para beber e jogar conversa fora. Quando viajava a Soure, estando morando em Belem, ali era o nosso local de encontro, o meu cantinho preferido. 

Eu  sabia que eles estavam ali, era sexta feira a noite, quando eles aproveitavam, para farrear, após uma semana de trabalho. 

Eu queria testificar-lhes de minha mudança e de minha fé, pois assim evitaria convites posteriores, e eles podiam entender que eu estava decidido a mudar, enfrentado-os logo de uma vez.

Sempre as reuniões de nossa turma ali em Soure, na ilha do Marajó, era regada com caipirinha, uma bebida que se faz misturando cachaça com limão. 

Os  meus amigos, não eram marginais, todos tinham o seus trabalho, suas ocupações profissionais, eram somente jovens e boêmios e alguns os mais maduros estavam apenas na faixa dos 30 anos, eram, funcionários de bancos, órgãos públicos, comércios e filhos de criadores de gado da região. Ali sempre não faltava um boa bebida e um bom tira-gosto.  

Quando eu cheguei naquela casa  onde eu tinha entrada livre, portando uma Bíblia debaixo do braço eles pensavam que eu estivesse brincando,  e logo veio um com uma copo de caipirinha (cachaça com limão) recém preparada dizendo-me:

- "Pode deixar de brincadeira  e pega logo essa   aqui que eu sei que  tu gosta"

Eu respondi-lhe com carinho, e com um sorriso que quem está alegre e vencendo o vicio: 

"Realmente, amigo, eu gostava disso. Mas, é brincadeira não, eu só vim para vim para  avisar a todos  que eu resolvi mudar de vida, e agora estou decidido servir à Deus e lutar pela minha fé. Podem contar com o meu afeto e minha amizade para qualquer outra coisa, mas, a partir de agora eu tenho que agir de um modo diferente que antes, vou evitar muitas coisas erradas que eu fazia antes, porque estou decidido servir à Deus. Aquele Calby antigo morreu para o mundo, este que vocês estão vendo aqui é uma nova criatura, transformada e salva  por Jesus.

Um deles, o dono da casa, que era um chefe de uma instituição local, talvez o que fosse mais velho ali, vendo minha sinceridade e seriedade,  respondeu por todos falando com uma firmeza que me impressionou:

 "Se é isso mesmo mesmo que você deseja Calby,  siga avante na fé, esse é um caminho bom, e pode contar com o nosso apoio quando precisar, desejamos sucesso em sua nova vida" 

Agradeci à todos,  abracei cada um particularmente, e sai dali, com a certeza do dever cumprido para aquele momento, a responsabilidade agora era  minha, eu não podia falhar, pois eles haviam gostado do meu testemunho, e ate eles me desejavam sucesso. Se você já foi ou conhece algum familiar, que é escravizado por vícios, álcool ou drogas, você deve saber que não é fácil libertar-se. Alguns, tentam, muitas vezes e não conseguem. Mas, "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres' (João 8:36)

Deus colocou no meu caminho um homem de Deus, a quem devo a boa orientação pastoral que tive no início de minha fé, o querido Pastor Valdemar Nascimento Oliveira, que faço questão de registrar aqui com todas as letras, pelo respeito e consideração que tenho por ele.

O Pr. Valdemar Nascimento, recém chegado do Ceará com sua família,  era o Pastor da Assembleia de Deus em Soure no momento de meu regresso aquela congregação.

Em uma de minhas viagens de final de semana à Soure,  na vida dissoluta que eu vivia, lembro-me que um dia,  estando um pouco embriagado,  fui chamado na casa de meu irmão, onde o pastor estava, e ouvi ele aconselhar-me para sair urgentemente daquela vida, dizendo que Deus tinha um outro plano bem melhor para eu viver. 

A gora depois de convertido,  quando confidenciei-lhe de meu voto feito para servir à Deus e o meu desejo de servir na obra, ele prontamente  informou-me que em Belém, a igreja tinha inaugurado recentemente o Seminário Amazônico, onde alguns jovens estavam estudando à Bíblia, para poderem servir de forma mais eficiente no Ministério.

Ele me falou-me que para na minha idade era muito importante fazer curso teológico para preparar-me, já que eu desejava aperfeiçoar meu conhecimentos para servir na obra de Deus.

Respondi-lhe que era tudo que eu precisava naquele momento, e ele notando meu interesse, se propôs a falar com o Diretor Pr. Josias Camelo da Silva, que era seu amigo, e depois tornou-se um amigo muito precioso para mim também.  

O Pastor Valdemar se encarregou de pedir informação sobre  quando  as aulas do próximo ano letivo iniciavam, e começou a sondar  quais seriam as possibilidades  de  meu ingresso como aluno interno do Seminário.

À partir daquele momento eu comecei a sonhar com o Seminário e com a possibilidade de fazer um curso bíblico para poder cumprir o meu voto de servir ao Senhor como havia feito  na hora de entra no pau, naquele prisão fedorenta.

Eu estava zerado de conhecimento Bíblico e aquela era a minha chance de aprender no lugar certo, um instituto bíblico com professores competentes. É importante ao discipulador, aprender primeiro. E as para as doutrinas bíblicas basta uma pequena torção para converter-se em heresias, e o próprio Satanas, é especialista em fazer isto, desde do Éden. Por isso o crente deve estar preparado, com conhecimento bíblico, porque a Bíblia é a nossa regra de fé e prática, 

Aproveitei uma  viagem que fiz à Belém, para comprar alguma  coisa para o meu negócio no Mercado, e   fui na Travessa Vileta onde está localizado o Seminário Amazônico, eu queria conhecer, pelo menos o lugar, o prédio, os meios. Eu realmente estava querendo não perder o próximo ano letivo, meu compromisso missionário tinha pressa. 

Quando vi o lugar e o prédio, e sondei os preços da mensalidade para o internato, vi que realmente seria um grande milagre eu conseguir condições para estudar ali. 

Eu tinha herdado de minha mãe, por ser professora do estado,  e ter falecido deixando um filho menor, uma pequena  pensão, uma ajuda financeira,  que teria direito de recebe-la até os 21 anos de idade.  Não era muito  era muito, creio que em torno de  meio salário mínimo, mas, como isso ajudava. 

No entanto, a mensalidade do internato era como se fosse um salário inteiro, então o meu dinheiro só dava para pagar a metade, e se eu deixasse de trabalhar para estudar, a coisa ia complicar para mim. Até do pagamento do internato, que me dava direito aos estudos e a comida, eu ainda precisava  de despesas com livros, cadernos, roupas, sabonetes, etc. 

Naquele tempo eu já estava com 17 anos e cooperava nas reuniões da mocidade na igreja em Soure,  começava a ler Bíblia para saber o que dizer quando me dessem alguma oportunidade para falar, afinal eu estava me preparando para servir à Deus, e a melhor maneira de fazer isso é pregar o evangelho e anunciar a salvação aos outros.

Em minha viagem a Belém quando estava no local para conhecer onde estava situado o Seminário Amazônico, eu tive uma ideia copiada do que fez Josué e o povo de Israel, na conquista de Jericó.  Comecei a rodear os muros do Seminário, e ao ouvir os internos cantando hinos nos seus dormitórios localizados no segundo andar do prédio, eu realmente ficava entusiasmado com a possibilidade de ser um entre eles no próximo ano letivo.

Naquele dia após  visitar o seminário, eu comecei a rodear o prédio, por fora de seus muros, igual fez Josue em Jericó.

Eu já tinha aprendido na prisão quando fiz o meu voto, sobre o valor da oração, e parando um determinado momento enquanto rodeava os muros, di lado dos alojamentos masculinos, pois rubis jovens cantando e falando lá dentro, comecei à pedir que as barreiras do impedimento começassem a cair, que as barreiras das impossibilidades fossem eliminadas, e partir daquele momento, sem poder explicar como, eu tinha certeza que estava garantida a minha vaga como aluno do Seminário Amazônico, só precisava esperar o dia do início das aulas. Ao chegar em Soure, eu continuei orando.  Eu saia para orar no interior das matas, e numa atitude de humilhação perante Deus, algumas vezes, orando com o 'rosto no pó' esfregava o rosto nas folhas secas no chão, pedindo misericórdia e condição de estudar a Bíblia.

E assim foi, no dia para iniciar as aulas letivas do ano seguinte eu estava entrando com a minha maleta para fazer o meu curso bíblico, em um lugar de onde sai três anos depois, com o meu Diploma Teológico, em uma cerimônia que teve como tema: 

"À Disposição do Mestre"

Com a intervenção do Pastor Valdemar, eles o diretor do  seminário, que também era co-pastor da igreja em Belém, e da Vice Presidente a Convenção das igrejas paraenses,   conhecendo a minha história e minha necessidade, resolver  me conceder meia bolsa de estudo, durante o curso, de modo que com o que eu recebia da pensão de minha mãe, daria para pagar outra metade, então eu não perdi tempo, entregue o pondo la lanchonete, arrumei milha mala e partir para Belem, no dia indicado, para o inicio das aulas. 

Como aluno interno eu tinha direito, aos estudos, alimentação e lugar para dormir, o resto para o sabonete, o creme dental e outras necessidades, Deus haveria de prover também, ou testar a minha fé durante as necessidade, para o modo de vida que teria de sobreviver depois no próprio campo missionário.

Deus não permitiu a Davi de inicio, matar o gigante Golias, mas, primeiro foi o  Leão, depois o Urso, para então vencer o temido gigante. Eu chamo para isso o exercício da fé, igual fazem os atletas antes das competições. 

No Seminário, estavam alunos de muitas possibilidades, e outros com a falta delas. Tinha alguns filhos de empresários cristãos que não lhes permitia a falta de nada. Tinha alguns filhos de pastores, com grandes igrejas, que sempre visitavam seus filhos levando presentes e dinheiro para as suas necessidades. E tinha eu e mais uns dois lá, que sobreviviam pela fé que uma vez foi entregue aos santos.

Eu lembro-me desse tempo, como um período de aprendizado importante, não só nas lições que eram aprendidas nas classes de aulas, mas também nas lições que eu aprendi fora delas, sobre humildade, provisão de Deus, paciência e perseverança.

Do modo com estudei, sem saber eu fui preparado para sobreviver no campo em condições extremas, em tempos de degradante omissão missionária, quando obreiros são esquecidos e abandonados por suas igrejas e convenções, e precisam se adaptar e enfrentarem trabalhos duros, situações complicadas, para continuarem fazendo a obra a que foram chamados para fazer.

Por exemplo, no nosso seminário o banheiro era comunitário, cinco ou seis jovens poderiam banhar ao mesmo tempo, em chuveiros diferentes, mas, no mesmo espaço. E quando me faltava o sabonete, então, eu tinha que esperar os outro alunos tomarem banho primeiro para ver se alguém se esquecia ou abandonava um restinho de sabonete que eu pudesse usar para a minha higiene pessoal. 

Muitas vezes isso, não acontecia, e eu tinha que me me contentar passando a mão no lugar onde eles colocavam o sabonete, que ficava melado de sabonete, para dali eu extrair o que pudesse ser usado, pelo menos para as partes principais do corpo que mais precisavam disso.

Alguma vez eu ganhava a roupa de um colega, e também dos missionários estrangeiros que serviam ali como professores, ou passavam por ali. 

Depois que eu pagava a mensalidade referente a meia bolsa de estudo no Seminário não me sobrava dinheiro para comprar roupas,  exceto alguns trocados que eu usava para algum sabonete ou creme dental,e lâmina de barbear, mas eram insuficientes para o meu inteiro.  Por isso tinha que saber dividir as poucas roupas que tinha, sabendo usar as diárias,  no seminário e as roupas de sair, quando ia à algum culto, ou evento. 

No uso interno dentro do Seminário eu podia usar as roupa usadas  anteriormente pelos missionário J.P.Kolenda, Randall Walker e que me eram repassadas. 

Nesse tempo eles usavam umas calças de malhas grossas, azul-escura ou estampadas de quadriculados, eram roupas do inverno americano,  que eles recusavam usar no Norte do Brasil, onde o clima é quente e úmido. Mas para mim tudo era normal, desde que tivesse algo para vestir alternadamente a cada dia. Acontece que os missionários eram maiores e mais forte que eu, e as calças eles em mim ficavam bem mais largas em minha cintura. Mas, vocês lembram que eu havia aprendido na prisão fazer um nó  no bermudão do Nego Macumba? Isso para mim não era problema. 

Bem, no Seminário o clima era outro, e eu modernizei a minha invenção para usar roupas maiores. Já que ficava esquisito usar o cinturão em uma causa demasiadamente larga, eu usava umas tiras de pano ou cordão igual aos  de um punho de rede, que eram encobertos pela camisa, para ficar uma coisa mais menos chamativo, e assim despistava e dava para passar entre os outros.

No seminário a gente vivia como família como irmãos, e como em toda vida em sociedade, cada um tinha aqueles que eram mais chegados e amigos, contudo o resultado geral era bom, agradável, principalmente para mim que nunca tive a oportunidade de crescer em uma casa com pai, mãe e vamos juntos,  da mesma idade, para mim foi muito muito proveitoso os 3 anos que passei ali. Era também o tempo do inicio da  construção do novo templo central em Belém, e no terreno do seminário eram armazenados os vergalhos de ferro e outros materiais, de construção, e sempre se fazem mutirões de trabalho com membros da igreja,  e os jovens seminaristas eram convidados à participar, e agente gostava de estar juntos fazendo algo diferente, principalmente na hora da merenda, que sempre vinhal algo diferente, para agradar os internos.

No seminário eram dadas as oportunidades para os jovens  seminaristas, saírem aos Domingos para pregar nas congregações da igreja em Belém, era também a oportunidade, para os dirigentes darem alguma oferta, para que o aluno em suas necessidades no Seminário. 

Não era muito, mas sempre dava para as passagens nos ônibus, ou um lanche após o culto, e isso era importante para mim, porque eu podia converter em sabonete, ou desodorante que precisava, para findar o mês. E quando a coisa dava realmente dava  muito boa, eu poderia até comprar um leite em pó e o mucilon, e bolacha, para misturar e fazer minha merenda nas noites que pernoitava estudando, e assim evitar de dormir com fome. Pois, à alimentação na hora das refeições, estava garantida, mas, se cada aluno quisesse comer alguma coisa fora de hora teria que dar o seu jeito.   

Eu passei a ser requisitado, como muitos outros colegas meus, que se destacavam em suas mensagens, a nossa turma foi muito abençoada por Deus,  formando muitos obreiros, que estão exercendo grandes ministérios fazendo excelentes trabalhos em seus campos. 

Nas congregações que eu ia eles desejava sempre minha volta, mas, eu não tinha nenhum paletó, isso era caro, e desde que eu me converti, só usava camisa com gravata, mas, nas igrejas de Belém o normal era os obreiros os pregadores usarem  um paletó, e isso estava causando-me um problema,  porque todo Domingo eu precisava emprestar um paletó de algum colega para sair,  e isso me incomodava.

Eu precisava ter o meu próprio paletó, e um dia eu tomei a decisão de ter o meu. 

No prédio do seminário Amazônico tinha dois  andares. 

No andar  de cima, funcionava a diretoria, as salas de aulas e os alojamentos dos alunos, o prédio em formato de U, de um lado ficavam os dormitórios masculinos, e do outro os dormitórios femininos. 

No andar térreo,  funcionava a cozinha e o refeitório do seminário, e uma  uma escola infantil, a Escola Daniel Berg,  que funcionava pela pela manhã, na escola Daniel Berg, após o horário das aulas, as salas ficavam abertas, e tinha uma sala, próximo a subida do corredor, que os alunos usavam para orar. Quando um aluno estava enfrentando algum problema era comum encontra-lo, por ali, chamando a Deus em oração. Nos começamos a denominar aquele lugarzinho de 'Sala da Misericórdia'

Num dia de sábado, sabendo  aluno que precisava ficar em oração por algum problema que estivesse passando.

E naquele Sábado, à noite,  sabendo que Domingo, eu precisava pregar em algum lugar, eu resolvi isolar-me na "Sala da Misericórdia" para pedir a Deus, misericórdia para ter o meu próprio paletó, e não ser  preciso mais emprestar dos outros, pois cada um tinha o seu.

Creio que demorei apenas meio hora orando, mas, minha oração foi uma só. 

Eu expliquei para Deus, que já estava me tornando um pregador de Sua Palavra, e que eu estava disposto a cumprir meu voto de servi-lo em qualquer lugar, mas que estava ficando  feio, toda vez que precisava sair emprestar um paletó dos outros. Expliquei também que eu só não tinha dinheiro para comprar um paleto porque tinha deixado de trabalhar, para mim para estudar a palavra para servir na causa dele, É bom lembrar que desta vez eu estava sozinho, na Sala da Misericórdia, e que minha oração foi em pensamento com Deus, não saiu nenhuma palavra de minha boca.

Terminada minha oração nestes termos, eu subi para o meu alojamento, esperando o que poderia acontecer para que no dia seguinte eu fosse pregar de terno e gravata, mas sendo dono do adereço.

Quando entrei em nosso alojamento vejo o colega Orivaldo Ribeiro, um dos colegas no mesmo dormitório, arrumando o seu armário, com um paletó azul pendurado em uma de suas mão indo para guardá-lo em um cabide. Então ele olhou para mim e disse assim: 

- "Calby, veste esse paletó vê se ele cabe em ti"

Eu não esperei ele mandar de novo, e já estava dentro daquele paletó de tergal azul, semi novo, deu  certinho, pareceu  feito sob medida, por um alfaiate. 

Ele vendo isso disse: "Pode ficar com ele, é teu" - 

Simples assim.

Eu então o abracei, agradecendo-lhe por sua sua generosidade, guardei o paletó em em meu armário, e voltei para a sala da Misericórdia, para agradecer ao Senhor por uma reposta tão imediata. Domingo estava eu,  feliz da vida, pregando sobre o Deus que é Provedor, o Jeová Jiré, de nossos estudos.

Foram tantos momentos, vividos, de benção, provisão, conforto, e até momentos cômicos, nas brincadeiras entre alunos, que fica impossível relatar tudo aqui, mas, no  último ano no Seminário aconteceu outra bênção relacionada com um paletó. 

A direção e os alunos escolheram uma loja da cidade, onde cada aluno que estaria graduando naquele ano, deveria ir lá escolher o seu, pagá-lo, pedir que fossem feita alguma modificação necessárias, quando ao tamanho da bainha da calca, das  mangas, etc. 

A ordem é que no dia da formatura todos os formandos tivessem os ternos da mesma cor. Uma cor cinza azulada, que eles realmente souberam escolher na cor e na qualidade

Eu somente ficava observando que de vez em quando chegava um colega da minha turma mostrando o seu terno impecável, que era elogiado por todos. 

Eu como formando daquele ano também teria que pegar o meu, a questão era que eu não sabia como faria na hora de paga-lo. Era era um aluno que realmente estava ali pela fé, mas a fé chama as existência as coisas que não existem e tora da fraqueza; força.

Mas, eu ja sabia a que a oração feita na sala da Misericórdia, pedindo um paleto, já tinha dado  um efeito muito rápido, a dose podia se repetir. A única  diferença era que teria que ser um terno completo, novo, e especifico em uma determinada loja da cidade, que eu realmente nem sabia onde era.

Mas, não fui mais na  sala da misericórdia definitivamente para esse fim,  com da vez anterior, eu já tinha aprendido a confiar no Senhor como provedor, e confiar que ele também conhece as nossas necessidades e sabe do que precisamos, e desta forma eu resolvi apenas confiar nele, esperando ver como faria, para que o meu  milagre acontecesse, e na medida que aproximava-se o dia da formatura, eu sabia que minha bênção estava mais próxima.

Um dia o Pastor Jedilson Rodrigues,  Secretário do Seminário, me encontra no corredor, e pergunta: "Calby, já fostes escolher o teu terno da formatura na Makel?  - Makel era a loja escolhida, e esta eu conhecia"

Então respondi-lhe calmamente sem explicar os pormenores: "Ainda não Pastor". 

Então pediu que eu o acompanha-me até a Secretaria. 

Eu o acompanhei, e chegando lá ele sentou-se de trás de sua mesa fez um gesto que para que eu sentasse na cadeira que estava à  frente, e começou explicando-me baixinho:

 "Isso não precisa ser divulgado, pois o doador pediu sigilo absoluto. Mas, escuta, mas, tem um empresário da cidade que resolveu fazer a doação de alguns ternos para  alguns formandos neste ano, e deixou com a direção do Seminário,  para escolher os aluno beneficiados com a sua oferta, E eu lhe chamei aqui para dizer que você foi um dos que será  beneficiado com isso" 

O Secretário do Seminário e retirando de sua gaveta um papel, com uma nota e o endereço da loja pediu eu eu podia escolher uma hora para ir lá e buscar o meu, aquilo era a autorização para pegar um dos pernas que ja estava pago. 

Até hoje eu não seu quem foi que foi que pagou o terno de minha formatura só sei quem deu a ordem e proveu os recursos, para ele fazer isso.

No meu período de seminário eu tive um bom ensaio da provisão de Deus, que viria experimentar e conhecer depois, pelo que tenho a mostrar nos capítulos seguintes deste livro.

Sei que se você continuar lendo esta Historia, você vai rir, vai se emocionar e pode até chorar como eu fiz por muitas vezes. 

Desde o período de fundação de nossa missão em Brasilia, depois pastoreando igrejas na Amazônia,  até a  chegada e plantação de igrejas nos Estados Unidos, as viagens internacionais  para os ministrar os seminários, a formação de igrejas na Africa, há muita história para compartilhar nas paginas seguintes. 

Nosso objetivo, é fazer-lhe entender,  que  vale a pena esperar, persistir, resistir, insistir, porque, afinal todas as  coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus, e são chamados segundo o seu propósito. 











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